Comprar uma arma de fogo importada vai ficar mais barato em 2021. Isso porque o governo federal anunciou que vai zerar a alíquota do imposto para importação de pistolas e revólveres.
Hoje, quem compra uma arma do exterior precisa pagar o Imposto sobre Importação (II), que é de 20% sobre o valor do bem. É esta a tarifa que será extinta a partir do dia 1º de janeiro de 2021.
A decisão deve ter um grande impacto no setor. Lojistas já planejam redução de preços ao consumidor final e a principal fabricante de armas do Brasil, a Taurus, pode perder espaço no cenário nacional.
Além do II, incidem sobre as armas o IPI (alíquota de 45%), ICMS (que varia de acordo com o estado, mas tem alíquota média de 17%) e contribuições para o PIS e COFINS.
Leia também:
Taurus avança em licitação de 12 mil fuzis para as Filipinas e ações disparam
Caso Itaú: Empresa pode obrigar executivo a se aposentar? Regra faz sentido?
Pistola a partir de R$ 7 mil
Rafael Souza, gerente da Top Arms, loja de armas de fogo paulistana, disse ao CNN Brasil Business que a redução deve ser repassada aos consumidores. “A mudança será significativa. Haverá redução nos preços das armas importadas, que estão cada vez mais presentes nas vitrines”, diz, animado, o empresário.
Hoje, a loja vende pistolas e revólveres importados com preços entre R$ 9 mil e R$ 13 mil. Depois de conversar com contadores e despachantes aduaneiros, Souza estima redução do custo na ponta, que deve ficar entre R$ 7 mil e R$ 8 mil.
Das armas que hoje são taxadas pelo Imposto sobre Importação, a mais barata no portfólio da Top Arms é a EC9S, uma pistola 9 mm fabricada pela norte-americana Ruger, que é vendida por R$ 9 mil. Sem o Imposto sobre Importação, a Top Arms pode vender a pistola a R$ 7 mil, segundo estimativa do dono da varejista.
A recente queda do dólar –que parece caminhar para a casa dos R$ 4– pode deixar os preços ainda mais atraentes.
Uma arma fornecida por um fabricante estrangeiro a US$ 1.000 custaria, hoje, aos varejistas brasileiros cerca de R$ 9.987 depois da conversão cambial (com o dólar a R$ 5,129, valor do último fechamento) e impostos. Sem o Imposto sobre Importação, a mesma arma de US$ 1.000 custaria R$ 8.962,10 para o varejista.
E a Taurus?
Os investidores da fabricante de armas brasileira ficaram inquietos com a notícia e, na tarde desta quarta-feira, vendiam as ações da companhia. Por volta das 14h15, os papéis da Taurus (TASA4) caíam 5,21% e lideravam as perdas do Índice Small Caps da Bolsa paulista.
A empresa, por outro lado, disse estar tranquila com a decisão de zerar o imposto sobre importação de armas. Segundo a companhia, menos de 15% de suas vendas são feitas aqui no Brasil, e com margens inferiores às das exportações.
“Além disso, somos uma multinacional com fábrica nos Estados Unidos e uma futura operação na Índia, o que nos dá as mesmas vantagens da resolução”, afirmou a empresa, em comunicado ao mercado.
Por outro lado, a empresa afirma que o Brasil que vai deixar de ganhar com a mudança. “Lamentavelmente, essa medida irá acelerar o processo de priorização de investimentos nas fábricas dos Estados Unidos e Índia, em detrimento dos investimentos que iriam gerar empregos e riqueza ao Brasil”, afirma a companhia.
Mais mercado para importadas
Ainda que não doa tanto no bolso da Taurus, a tendência é que consumidores do mercado nacional passem a consumir mais de marcas estrangeiras com a redução de preço.
“Em média, as fabricantes estrangeiras têm mais tradição e knowhow na produção de armas, e a qualidade é superior, mas a Taurus vem crescendo muito”, disse Rafael Souza, da loja Top Arms.
Ele conta que, com a redução, a expectativa do varejo é que as armas importadas de qualidade igual ou superior às nacionais cheguem às lojas com preços semelhantes, o que vai fazer com que os consumidores deem uma chance para os produtos da Glock, Ruger, Beretta e Smith & Wesson.